O sol já se escondia no horizonte quando João tirou a guampa de mate da boca e encarou o fogo baixo no chão de terra. Cada faísca parecia sussurrar as lembranças da querência.
No espeto, um pedaço de costela chispeava, disputando seu espaço com a lua que já apontava. O silêncio da campanha só era rompido pelo barulho do motorzinho lá pros lados do açude.
— Só mais um tempo — pensou, virando a faca entre os dedos.
A primeira mordida trouxe o gosto do tempo: terra, vento e saudade. Era o sabor do Rio Grande, misturado em uma lasca de eternidade.