“O Caminhante do Tempo”
Série: “O Caminhante do Tempo”
Gênero: Fantasia, Mistério e Aventura

Capítulo 1: O Relógio do Destino
Era um domingo daqueles meio chumbado, sabe? Com aquela chuva fina que mais parece esfregar na cara da gente o quanto tá frio. E o Luca, coitado, andava sem rumo pela cidade, igual cusco desabrigado. Ele só queria esticar as canelas, já que passar o domingo todo em casa parecia ainda mais sem graça. Vai ver até o sofá já tava de saco cheio dele.
Num certo momento, Luca dobrou uma esquina e deu de cara com uma rua lateral, um tanto esquecida pelo tempo e pela limpeza, diga-se de passagem. Se tinha algum lugar que era pra ter uma loja esquisita, era ali! E não deu outra: entre umas marquises caindo aos pedaços, ele viu uma loja com uma placa escrita “Relíquias do Tempo”. Olha, o nome já dava uma baita de uma curiosidade, né?
Assim que empurrou a porta, um sino velho tilintou. É óbvio que tilintou, porque loja de antiguidades sem sino não tá com nada! Lá dentro, parecia o porão da vó, cheio de tralha pra todo lado: relógios, candelabros, umas estátuas estranhas e até um crânio (que Luca rezava pra ser falso, claro). No fundinho da loja, tinha um véio bem parrudo, barba branca e aquele jeito de quem sabe mais do que devia.
— Buenas, piá! Te aprochega, em que posso ajudar? — perguntou o véio com uma voz tão rouca que parecia arranhada na pedra.
Luca deu uma encolhida de ombros, meio sem graça. Nem ele sabia direito o que tava procurando, tava só ali olhando mesmo, fazendo sala com a chuva.
Foi quando ele viu aquele relógio de bolso ali, em cima de uma almofada de veludo vermelho. Bah, mas que peça! O troço tinha um ar de mistério, uma tampa de bronze gravada com uns desenhos meio doidos: uma ampulheta, um dragão e uma flor de lótus. Era o tipo de coisa que tu olha e pensa: “Mas esse negócio tem história, tchê!”
— Esse relógio aí não é qualquer um, guri — disse o véio, com uma piscadela. — Esse aí não marca o tempo, ele o encontra.
Luca franziu a testa. Mas que raio de frase era aquela? Olhou de novo pro véio, que só deu uma risadinha enigmática e desviou o olhar. E Luca, mais curioso que cusco farejando churrasco, comprou o relógio. Porque, vamos ser sinceros, como é que ele ia sair dali sem aquilo?
Quando chegou em casa, Luca ficou encarando o relógio na mão, tentando entender o que tinha feito ele gastar aqueles pila num troço que nem sabia pra quê servia. E, bem nessa hora, resolveu abrir a tampa do relógio. E aí, amigo, foi a baderna! O quarto começou a girar, tudo embaralhado, e ele sentiu como se tivesse embarcado num redemoinho de luz.
De repente, abriu os olhos e não tava mais no seu quarto. Luca estava numa rua com um povo muito bem vestido (só que parecia que tinham saído de uma novela de época) e, pra completar, a turma toda tava falando francês. Do nada, ele percebeu onde estava: no meio da Revolução Francesa! E o mais louco? No braço dele, o relógio agora tinha uma contagem regressiva de 24 horas. Ele tinha um dia ali, mas pra quê?
Antes que pudesse entender o que tava acontecendo, uma guria desesperada o puxou pelo braço e o arrastou pra uma ruela.
— Senhor, me ajude, pelo amor de Deus! Estão atrás de mim! — disse ela, com uma cara de quem já tava no bico do corvo. E Luca, que nunca soube dizer não pra quem pedia ajuda, resolveu que ia dar uma mão pra moça.
O relógio mostrava 23 horas e uns quebrados. Sem nem entender direito o que tava fazendo, Luca ajudou a guria a se esconder, desviando dos guardas e enfiando eles em cada cantinho que encontravam. No fim das contas, era meio engraçado ver como ele se virou bem, porque, se tem uma coisa que gaúcho sabe fazer, é improvisar.
Depois de muito correr e se esgueirar, eles chegaram ao porto, e Luca conseguiu embarcar a guria num navio. Ela, com os olhos marejados, agradeceu, e antes de sumir no barco, entregou a ele um pedaço de papel.
Quando Luca voltou pro seu quarto, todo zonzo da aventura, abriu o bilhete e leu a frase:
“Nem todo herói usa a espada.”
E não é que a frase tinha um peso? Ele olhou de novo pro relógio e viu que agora, ao lado do símbolo da ampulheta, tinha uma andorinha gravada. Luca deu um suspiro, jogou o relógio na mesinha de cabeceira e pensou: “Mas que bagual de história! Onde é que esse relógio vai me levar na próxima?”
E assim terminava a primeira aventura de Luca, cheia de peleias e com aquele gostinho de mistério. Ele nem sabia ainda, mas o tal relógio tava só começando a aprontar pra ele!
E agora que já leu tu não tchesquece de deixar um cometário pra ficarmos numa facerice daquelas.
Autor
noisedigitalbr@gmail.com
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