“O Tal do Bugio Chinfrim e o Evaristo.”

Num galpão perdido na campanha, onde a noite era mais comprida do que fofoca de comadre, tava o Aparício proseando com o Gaudêncio. 

Entre um mate e outro, o Gaudêncio soltou uma risada que quase derrubou o cusco de junto do fogo.

“Tá rindo de quê, Gaudêncio?” perguntou o Aparício, intrigado.

“Bah, é que lembrei do dia que o Evaristo tomou um susto daqueles por causa de um bugio!”

“Mas que história é essa? Como é que se leva susto de bicho tão chinfrim?”

“Foi assim, tchê. O Evaristo tava descansando à sombra da figueira de uma tapera, quando sentiu uma coisa pesada cair no ombro. Quando olhou, era um bugio, com uma flor na mão, como se tivesse pedido permissão pra sentar à roda do mate!”

O Aparício arregalou os olhos. “E ele fez o quê?”

“O homem pulou que nem gato em briga, tchê! Mas o bugio não largava. Pra piorar, começou a imitar ele: cruzava os braços, batia a bota e até fingia que estava chimarreando  …

O Aparício já dava risada, mas o Gaudêncio seguia sério no causo.

“Pois o Evaristo, que já era meio cismado, começou a achar que aquilo era mau agouro. Afinal tapera e assombro é um causo só . Então ele que nessas horas já estava palido pegou o cavalo e foi se mandar. Só que, enquanto isso, o bugio desceu da figueira e foi atrás dele, tchê! Subiu na garupa e ficou lá, agarrado, como se fosse lagarto em perna de guri!”

“E o que ele fez?” perguntou Aparício, chorando de tanto rir.

“O que qualquer peão faria, tchê: largou o cavalo e saiu correndo a pé! 

Dizem que o bugio ficou dono do cavalo e até hoje aparece nas coxilhas, todo faceiro, trotando como se fosse patrão da estância!”

Mazá Tchê !!!!!